A Teoria das restrições (TOC), criada por Eliyahu Goldratt,  é uma abordagem inovadora para a gestão da produção que visa otimizar os processos, identificando e gerenciando as restrições que limitam a capacidade de produção de uma organização. 

O Método do Tambor-Pulmão-Corda (DBR), cuja primeira apresentação foi creditada a Schragenheim e Dettmer em 2001, é um dos principais métodos da TOC. 

Essa é estratégia projetada para gerenciar essas restrições, sincronizando a produção conforme a capacidade da restrição (Tambor), protegendo-a de interrupções e ajustando o fluxo de produção (Corda) para corresponder à taxa do Tambor.

Entenda mais sobre esse assunto!

Simplified Drum-Buffer-Rope

O Método do Tambor-Pulmão-Corda Simplificado (S-DBR) é uma evolução do DBR tradicional, que traz uma série de modificações e aprimoramentos. 

Uma das principais diferenças é o foco do S-DBR na demanda do mercado, sendo a única restrição relevante. Isso significa que a produção deve ser alinhada com a demanda do cliente, e não com as restrições internas do processo de produção.

Outra diferença importante é a consideração da capacidade finita dos recursos. O S-DBR reconhece que os recursos com restrição de capacidade (RRC) têm limitações, e, portanto, busca maneiras de lidar com pedidos urgentes ou com prazos mais curtos do que o padrão de mercado, considerando essa limitação.

A evolução com o S-DBR

O método S-DBR, por sua vez, traz uma série de modificações e aprimoramentos em relação ao DBR convencional:

  • ênfase no mercado como restrição: enquanto o DBR tradicional se concentra nas restrições internas do processo de produção, o S-DBR destaca o mercado como a única restrição relevante. Isso significa que a produção deve ser alinhada com a demanda do mercado.
  • capacidade finita do RRC: o S-DBR reconhece que os Recursos com Restrição de Capacidade (RRC) têm limitações e, portanto, busca maneiras de lidar com pedidos urgentes ou com prazos mais curtos do que o padrão de mercado, considerando essa limitação.

Implementação do S-DBR

A implementação dessa estratégia envolve uma lógica de liberação de material no chão de fábrica e a definição de datas prometidas para a expedição de produtos. 

Isso permite que a produção seja adaptada com base na demanda real do mercado e na capacidade dos recursos disponíveis.

Aqui, exploraremos em detalhes a implementação do S-DBR, destacando duas etapas cruciais: a lógica de liberação de material no chão de fábrica e a definição de datas prometidas para a expedição de produtos.

Lógica de liberação de material

A lógica de liberação de material no S-DBR é baseada nos seguintes princípios:

Liberação controlada: o material é liberado para a produção apenas quando necessário, com base na demanda do mercado e na capacidade dos recursos disponíveis. Isso evita o acúmulo de estoques desnecessários e minimiza o desperdício.

Priorização do Tambor: o Tambor no S-DBR representa a restrição do sistema, o ritmo de produção necessário para atender à demanda do mercado. A liberação de material é priorizada conforme o Tambor, garantindo que os recursos estejam focados na produção do que é realmente necessário.

Proteção do Pulmão: o Pulmão no S-DBR representa o estoque de segurança mantido após o Tambor para acomodar flutuações na demanda ou interrupções na produção. Esse estoque é protegido e não deve ser consumido a menos que seja absolutamente necessário para atender a pedidos urgentes.

Definição de datas

A definição de datas prometidas para a expedição de produtos é outro aspecto crucial na implementação do S-DBR. Essas datas são fundamentais para garantir a satisfação do cliente e a gestão eficiente dos pedidos.

Passo a passo:

Avaliação da capacidade de produção: a equipe responsável pela implementação do S-DBR deve avaliar a capacidade de produção dos recursos envolvidos no processo. Isso inclui a capacidade dos gargalos e de outros recursos críticos.

Compromisso realista: com base na capacidade identificada, são definidas datas prometidas realistas para a entrega dos produtos. Essas datas consideram a capacidade finita dos recursos e as restrições do sistema.

Monitoramento contínuo: uma vez que as datas prometidas são estabelecidas, é essencial monitorar continuamente o progresso da produção e fazer ajustes conforme necessário. Isso garante que as promessas feitas aos clientes sejam cumpridas de maneira consistente.

Benefícios para as indústrias

A implementação bem-sucedida do S-DBR oferece uma série de benefícios para as organizações, incluindo:

1. Melhoria da eficiência operacional: Uma das principais vantagens do S-DBR é a melhoria da eficiência operacional. Ao alinhar a produção com a demanda real do mercado, as empresas podem evitar o acúmulo de estoques desnecessários e reduzir o desperdício de recursos. Isso resulta em processos mais enxutos e eficazes.

2. Atendimento confiável ao cliente: a definição realista de datas prometidas para a entrega de produtos é fundamental para garantir um atendimento confiável ao cliente. Os clientes podem contar com prazos de entrega consistentes, fortalecendo os relacionamentos comerciais e melhora a satisfação do cliente.

3. Redução de custos operacionais: a implementação do S-DBR geralmente leva a uma redução significativa nos custos operacionais. Menos estoque em processo significa menos capital amarrado em estoques, menor necessidade de espaço de armazenamento e menos custos associados à manutenção de estoques. Além disso, a otimização da capacidade dos recursos resulta em uma utilização mais eficiente dos ativos da empresa.

4. Capacidade de se adaptar às mudanças tecnológicas: o S-DBR permite que as empresas sejam altamente adaptáveis às mudanças nas condições do mercado e nas demandas dos clientes. A capacidade de ajustar rapidamente a produção com base na demanda real ajuda as empresas a responderem de forma eficaz a flutuações sazonais, mudanças na demanda e outras variáveis do mercado.

5. Maior precisão na gestão de pedidos urgentes: uma das características distintivas do S-DBR é a capacidade de lidar eficazmente com pedidos urgentes ou com prazos mais curtos do que o padrão de mercado. Isso é possível graças à consideração da capacidade finita dos Recursos com Restrição de Capacidade (RRC) e à lógica de liberação de material controlada. As empresas podem atender a pedidos urgentes sem comprometer a eficiência global da produção.

TLS: eficiência nas etapas produtivos

Em um cenário empresarial competitivo, as empresas buscam constantemente maneiras de melhorar resultados e produtividade. Uma abordagem promissora para isso é a integração da Teoria das Restrições (TOC), Lean e Seis Sigma, conhecida como TLS.

Essa metodologia se baseia na premissa de que a eficiência de um sistema é limitada por sua restrição. Ao identificar e eliminar essa restrição, as indústrias podem aumentar significativamente sua produtividade e competitividade.

A TOC fornece uma estrutura para identificar as restrições de um sistema. O Lean e o Seis Sigma oferecem ferramentas e técnicas para eliminar desperdícios e melhorar a qualidade. 

Quando combinados, esses três componentes podem criar uma abordagem poderosa para melhorar o desempenho dos sistemas produtivos. A TLS, por exemplo, foi aplicada com sucesso na linha de produção da Fábrica de Transformadores Siemens do Sabugo, resultando em um aumento de 20% na eficiência.

Isso permitiu que a empresa reduzisse o desperdício e a variabilidade, e aumentasse a utilização dos recursos.

Conclusão

O método S-DBR representa uma evolução importante na aplicação da Teoria das Restrições. Ele coloca o mercado no centro da gestão da produção, reconhecendo a importância de atender à demanda do cliente eficientemente. 

Ao considerar a capacidade finita dos recursos e oferecer uma abordagem para lidar com pedidos urgentes, o S-DBR permite que as empresas alcancem maior eficiência, atendendo às necessidades dos clientes de maneira mais precisa. 

Sua contribuição para a literatura e prática da TOC é notável, abrindo caminho para melhorias significativas na gestão de operações e logística.

Quer continuar aprendendo novas formas de melhorar sua gestão? Leia nosso artigo sobre sistema industrial e saiba como essa ferramenta pode ajudar!

Fonte:

  • JOÃO, D. et al. Simulação de uma linha de produção com elevada variabilidade: uma abordagem Teoria das Restrições/DBR Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://run.unl.pt/bitstream/10362/14889/1/Lucas_2014.pdf>.
  • GEST; PROD; SÃO, C. Proposal of enhancement for the Simplified Drum-Buffer-Rope method applied to make-to-order production environments. v. 4, p. 735–746, 2010.